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Hoje em dia com o aumento da expectativa de vida e da atividade fisica em pacientes acima de 50 anos, cada vez mais cresce a preocupação com tratamentos que possibilitam a continuidade da prática esportiva, e consequentemente, melhoria na qualidade de vida. Novos estudos têm demonstrado bons resultados com alguns procedimentos cirúrgicos.
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
Quanto as modalidades não cirúrgicas podem ser consideradas diversas opções: uso de anti-inflamatórios, corticosteróides, exercícios físicos específicos, alguns tipos de órteses, palmilhas, viscossuplementaçāo, etc.
Os exercícios físicos são comprovadamente benéficos, principalmente a combinação de atividade aeróbica e reforço muscular, porém esses devem ser rotineiros, pois foi observada perda da sua eficácia após seis meses sem atividade física.
Os estabilizadores de joelho e palmilhas são mais eficazes nos casos de osteoartrite leve a moderada, e se bem indicados apresentam ótimos resultados, podendo postergar o tratamento cirúrgico, além de melhorar a função articular pela redução dos sintomas.
Os antiinflamatórios são úteis na redução da dor e processo inflamatório, porém devem ser utilizados com cautela levando em consideração a segurança (riscos gastrointestinais, renais, cardíacos, etc.) e experiência do médico. Assim, apesar dessas medicações serem acessíveis nas prateleiras das farmácias, deve-se sempre consultar um especialista, evitando-se a auto-medicação.
A viscossuplementação apresenta bons resultados, porém esses são variáveis, uma vez que dependem da indicação clínica, do tipo de ácido hialurônico (peso molecular), gravidade da osteoartrite, etc. Estima-se melhora entre 28% à 54% em relação a dor, e 9% à 32% em relação a função articular.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
ARTROSCOPIA
A artroscopia simples apresenta bons resultados em 50% a 75% dos pacientes nas fases iniciais do tratamento. Em um ano, 44% têm redução significativa da dor, e 15% progridem para a artroplastia de joelho.
Os melhores resultados após artroscopia estão relacionadas às lesões meniscais instáveis. Assim é fundamental uma anamnese detalhada para melhor seleção do paciente e esclarecimento quanto as expectativas de melhora.
Fatores relacionados aos piores prognósticos são: história de osteoartrite por mais de dois anos, obesidade, osteófitos mediais, redução do espaço articular menores que 5 mm.
OSTEOTOMIA TIBIAL ALTA
Essa técnica cirúrgica foi popularizada nos anos de 1970 por Coventry e Insall, e até hoje é considerada como uma opção com bons resultados, quando o intuito é prolongar a meia-vida da articulação do joelho.
A premissa desse procedimento é redirecionar o eixo do joelho, de tal modo que a carga do corpo preserve o compartimento lesado.
Mas para isso é necessário fazer um corte no osso e a fixar uma placa, que não fica aparente, além de poder retirá-la após 18 a 24 meses.
A vantagem desse procedimento é que não exige uma mudança dos níveis de atividade física, como ocorreria no casos de uma artroplastia.
A indicação desse procedimento é para pacientes com atividades de alta demanda.
Não é recomendado para pacientes obesos, com doenças inflamatórias, como artrite reumatóide, ou com compromentimento de todos os compartimentos do joelho.
As técnicas são diversas: osteotomia com cunha de abertura ou de fechamento, plano-oblíquo, etc. E a indicação depende de cada paciente, grau de comprometimento, lesões associadas, experiência do cirurgião.
Outro fator de bom prognóstico são os graus de correção, que devem ficar entre 5 a 13 graus de valgo.
Apesar da osteotomia mais comum ocorrer nos casos de artrose do compartimento medial, existem casos que o comprometimento é lateral, e por isso a correção deve ser feita com uma osteotomia femoral distal.
ARTROPLASTIA UNICOMPATIMENTAL
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A artroplastia unicompartimental foi preconizada entre os anos de 1970 a 1980, porém os primeiros resultados foram bastante frustantes. E essa técnica permite, de modo menos invasivo, usar implantes somente no compartimento lesado, preservando todo o resto do joelho.
As melhores indicações são em pacientes com baixa demanda física, acima de 60 anos, baixo índice de massa corporal, estruturas ligamentares intactas e lesão isolada de um compartimento do joelho, sem contraturas de flexão e extensão do joelho.
Porém, nos últimos anos, esses implantes sofreram grandes progressos no design, qualidade do polietileno, assim como a própria técnica cirúrgica, o que ampliou sua indicação para pacientes mais jovens, com osteoartrose patelofemoral moderada e insuficência do ligamento cruzado anterior.
Alguns estudos avaliando 28 pacientes abaixo de 60 anos, em seguimento de 2 a 6 anos, apresentaram bons e excelentes resultados quanto a função e alívio da dor em 90% dos pacientes. Pennington et al, em estudo com 41 pacientes(menos de 60 anos) submetidos a artroplastia unicompartimental demonstraram bons resultados, uma vez que os participantes começaram a participar de atividades de alta demanda.
ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO (ATJ)
Os resultados da artroplastia total do joelho cada vez mais têm apresentado melhores resultados, considerando a resistência dos polietilenos e design das próteses, cuja durabilidade apresenta taxas de 90% entre 10 a 15 anos.
Apesar dessa indicação ser considerada para pacientes acima de 60 anos, existem alguns casos em que a indicação é necessária em abaixo dessa faixa etária.
O tipo de atividade física após a ATJ, é uma questão em debate. Bradbury et al, observaram que 49% dos pacientes que participavam de atividades físicas, ao menos uma vez por semana antes da ATJ, 65% retornaram ao esporte após a ATJ. A maioria retornou a atividades como boliche, mas 20% voltaram a realizar atividades de alta demanda, como ciclismo e tênis.
Porém, é importante ter consciência que a atividade física, após uma ATJ, deve ser orientada pelo seu médico, e é relacionada com fatores como gravidade da osteoartrite, prática esportiva do paciente antes do procedimento cirúrgico, idade, etc.
Mas é um consenso que algumas atividades são permitidas e até recomendadas: exercícios aeróbicos de baixo impacto, bicicleta estacionária, golf, dança, caminhada, natação, e outras.
EM RESUMO
O tratamento da osteoartrite em pacientes jovens e esportistas permanece um desafio para o cirurgião ortopédico. Existem diversas opções de tratamento não cirúrgico que melhoram os sintomas.
As opções cirúrgicas, quando usadas de modo criterioso, podem oferecer boas soluções e permitir o retorno às atividades físicas.
(Feeley BT, Gallo RA, Sherman S, Williams. Management of Osteoarthritis os the Knee in the Active Patient. JAAOS. july 2010, vol 18, n 7: 406-416)
Dr. Marcos Paulo Pires
mpfpires@gmail.com
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