segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tenis e Lesões de Membros Inferiores

O tênis, num país que culturalmente vive do futebol, é uma modalidade que torna difícil a produção de campeões em alta escala.  Porém, é notória a popularização desse esporte no Brasil.
Os quatro torneios Grand Slam, importantes para a pontuação do ranking mundial, ocorrem na Austrália (Aberto da Austrália - Melbourne), França (Roland-Garros - Paris), Inglaterra (Wimbledon - Londres) e Estados Unidos (US Open - Nova York).
A lesão mais emblemática desse esporte é o "cotovelo de tenista",  que, apesar deste nome, não é exclusiva do tênis.  Entretanto, hoje vou comentar sobre algumas afecções dos membros inferiores.
O estudo esportista versus lesão, deve ser avaliado quanto aos movimentos do esporte, equipamentos, e o ambiente.
Apesar da maioria dos esportes seguirem um padrão quanto ao tipo de quadra, a mudança do piso é um diferencial do tênis.  Existindo pisos mais lentos como o saibro (Roland Garros), rápidos - são mais duros e variam do cimento até asfalto (Aberto da Austrália, US Open) e outros ainda mais rápidos - grama (Wimbledon).

MÚSCULOS
As lesões musculares dos membros inferiores, nessa modalidade, normalmente são produzidas mais pelas altas forças de tensão do que de resistência muscular, o que ocorre quando o músculo ao se "esticar" ainda mantém a contração muscular (contração excêntrica).  Dois fatores que influenciam são: a força e velocidade.
O local mais frequente ocorre na região posterior da coxa e, normalmente, nas transições miotendíneas (entre o músculo e o tendão), sendo mais acometido o bíceps femoral seguido do semitendíneo e semimembranoso.  Porém, outros músculos também podem ser acometidos, como grácil (Carles Pedret, et al 2011), e adutores.
O diagnóstico deve ser precoce,  e é feito através da avaliação clínica, ultrassom e ressonância magnética.  O tratamento pode ser desde medicamentos anti-inflamatórios, a outros recursos como a crioterapia, plasma rico em plaquetas (nos casos agudos - e com alguns critérios), fisioterapia e medidas cirúrgicas - dependendo da localização e extensão da lesão.  Dai a importância da avaliação clínica e diagnóstico precoces.

TORNOZELO
O entorse do tornozelo é considerado a lesão mais frequente nos esportes em geral, e os ligamentos mais acometidos envolvem a porção lateral (externa) do tornozelo (85%).

JOELHO
O joelho também é alvo de lesões, como o menisco, ligamento cruzado anterior, tendinites do tendão patelar e quadricipital etc.  A lesão do ligamento cruzado anterior, é frequente e acomete mais as mulheres, e o tratamento é cirúrgico, com o objetivo de restabelecer a estabilidade da articulação através da reconstrução com o uso de enxertos patelar ou flexores (semitendíneo e grácil).

As tendinites, como a que acometeu Nadal na temporada de 2010, são frequentes e devem ser tratadas inicialmente por medidas não cirúrgicas.

QUADRIL
Algumas lesões no quadril,  como a do labrum acetabular (tecido de cartilagem ao redor do quadril), está relacionado com a anatomia dessa articulação.  Como a cabeça do fêmur esférica é esférica e se articula em uma superfície concâva (acetábulo), favorece o impacto (síndrome do impacto do Quadril).  Essas lesões estão cada vez mais frequentes devido ao fundamento open stance, posição que o jogador rebate a bola de frente para a quadra, a qual gera mais potência e velocidade de bola,  ao mesmo tempo que maior sobrecarga ao quadril.
FRATURA DE ESTRESSE
Outra lesão que pode ocorrer nos tenistas, relacionada ao tipo de quadra e intensidade do treinamento, é a fratura de estresse.  Ela pode ocorrer não só na tíbia, como nos ossos do pé.
Apesar de apresentar aqui ênfase nas lesões dos membros inferiores, vale um parêntese para as fraturas que podem ocorrer no membro superior.  Ramon Balius (2010) apresentou 12 casos de fratura de estresse em jovens tenistas no metacarpo (osso da mão), que, embora pouco frequente, pode ocorrer e está relacionada com o tipo de empunhadura ("grip") - Western grip, em que a mão fica em uma posição mais supina ("palma da mão para cima").

Dr. Marcos Paulo Pires

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