sexta-feira, 1 de abril de 2011

LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR EM CRIANÇAS / ADOLESCENTES (ESQUELETO IMATURO)

A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) em pacientes com esqueleto imaturo, tem chamado cada vez mais a atenção, pelo aumento de sua incidência e risco de dano à  fise ("cartilagem de crescimento").
Apesar da obervação do aumento da frequencia, ainda não existem casuísticas bem estabelecidas.  Setenta por cento das lesões que ocorrem nesses atletas jovens apresentam hemartrose ("sangramento na articulação") do joelho, e aproximadamente 2/3 desses estão associadas a lesão do ligamento cruzado anterior, sendo mais frequente no sexo feminino.
Outro fator importante do aumento da incidência está relacionado a melhoria dos meios de diagnóstico por imagem.
Porém a incidência ainda é subestimada, considerando que 22 a 53% das lesões do LCA na população pediátrica são parciais (Kocher MS, et al 2002), e isso faz com que não apresente uma grande instabilidade articular e os pais não procuram o serviço médico, colocando em risco o rompimento completo e lesões associadas (menisco, cartilagem, etc).
Os sintomas são muito semelhantes ao do adulto, com inchaço do joelho, dificuldade de apoiar o pé no chão, restrição na mobilidade articular, etc.
A grande discussão desse tema, é a indicação do tratamento mais adequado, não cirúrgico ou cirúrgico e qual técnica a ser empregada.
Graf e cols, relataram resultados ruins em pacientes submetidos a tratamento não cirúrgico, com aumento do risco de instabilidade, lesão meniscal e condral ("cartilagem") no período de 15 meses de acompanhamento.
McCarroll e cols apresentaram melhores resultados com o tratamento cirúrgico, reconstrução do ligamento cruzado anterior em pacientes pré adolescentes e adolescentes.  Nesta série, 16 pacientes que trataram não cirurgicamente, 9 não retornaram as atividades esportivas, 4 tiveram no mínimo uma nova lesão, e apenas 3 retornaram ao esporte.  Por outro lado, dos 24 pacientes tratados cirurgicamente, 22 retornaram ao esporte.
Apesar desses resultados, a tomada de decisão no tratamento dessa população de atletas deve ser individualizada, levando em consideração não só a idade cronológica, como a idade óssea, menarca (no casos da mulheres), tipo de atividade física, expectativa dos pais, presença de lesões associadas, grau de instabilidade, etc.
Além disso, vale a pena ressaltar que a decisão cirúrgica envolve diferentes técnicas conforme a idade do paciente.


Dr. Marcos Paulo Pires

Nenhum comentário:

Postar um comentário